domingo, 23 de novembro de 2008


Anabolizantes e treinamento físico intenso podem matar




Pesquisa da Unicamp mostra que o consumo de esteróides anabolizantes associado à realização de exercícios físicos intensos resulta em deficiências do bombeamento cardíaco, aumento do colesterol ruim e alterações de comportamento.


Uma pesquisa da Universidade de Campinas (Unicamp) divulgada nesta semana mostra que os efeitos maléficos da alta dosagem do anabolizante mais usado no Brasil e no mundo são piores do que se sabia. O estudo, feito com incentivo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), comprova que o uso de decanoato de nandrolona (cujo nome comercial é Deca-durabolin) combinado com exercícios intensos compromete a função dilatadora dos vasos sanguíneos e pode causar o aumento do coração e até a morte.
“Nossa pesquisa mostra que uma parcela do problema se deve ao anabolizante e , outra, ao treinamento intenso de força . Os dois fatores juntos amplificam os efeitos”, explica Fernanda Klein Marcondes, professora de Fisiologia da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp e coordenadora do estudo.
A pesquisa foi realizada em ratos, que foram divididos em quatro grupos. O primeiro fez treinamento de força, mas não ingeriu anabolizante. O segundo recebeu a substância, mas não efetuou exercícios físicos. O terceiro usou o anabolizante e fez treinamento físico e o quarto, o grupo controle, manteve-se sedentário e não recebeu o anabolizante. As cobaias forçadas a se exercitar foram colocadas em um tanque com um colete que pesava entre 50% e 70% do seu peso. Para respirar, eles precisavam nadar até a superfície. O procedimento era repetido quatro vezes ao dia.
No final do estudo, que durou seis anos, observou-se que todos os ratos – com exceção dos que ficaram no quarto grupo, o de controle – tiveram um aumento da parede do coração, tornando seu diâmetro interno menor. O efeito da atividade física intensa, que já era conhecido pela comunidade científica, não é prejudicial. No entanto, quando os exercícios vinham acompanhados do anabolizante, o músculo cardíaco aumentava de volume e gerava deficiência no bombeamento cardíaco. No Brasil, o uso de anabolizantes ocorre principalmente entre os jovens de 18 a 34 anos de idade. A possibilidade de comprá-lo em farmácias sem a necessidade de receitas médicas é um dos fatores para a sua disseminação.

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